Renovo Espiritual

Terça, 26 de janeiro de 2021

Renovo Espiritual

Renovo Espiritual

                  Mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças; subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; andarão, e não se fatigarão (Isa 40.31).

            No curso da minha experiência cristã, já vi muitas pessoas, baseadas nesse trecho bíblico ensinar que precisamos sermos renovados. Normalmente os pregadores utilizam essa passagem bíblica para animar os crentes a receber renovo espiritual, mas renovo espiritual não é socorro de última hora, não ocorre num passo de mágica, não se recebe de um dia pro outro sem nenhum preparo prévio. Que estiver disposto a se renovar precisa criar em si uma condição propícia pra que isso venha a acontecer.

Tudo Nesse Mundo Que Tem Vida, Necessariamente Precisa Se Renovar Porque É Renovável

             Somos tendenciosos ao cairmos na rotina, nos acostumar com as coisas, até mesmo com as coisas de Deus.

            Tem crente que vive do passado, vive contando o que Deus fez na vida dele antigamente, mas não conta nenhuma experiência de vida com Deus atual. Esse crente, com certeza, está precisando ser renovado.

            A contínua ação do Espírito Santo em nossas vidas ocorre exatamente para não cairmos na velhice da rotina repetitiva, mas vivermos sempre em novidade de vida (Rom 6.4; 7.6).

Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto (Salmos 51.10).

            Um dos grandes problemas da lei, é que além dela não oferecer nenhum poder pra que a pessoa pudesse observa-la com espontânea leveza, ela nunca se renovava em seus aspectos mais estritos. A sociedade muda, e com essa mudança se faz necessário mudar certos padrões éticos. Tal mudança não deve ocorrer como uma inovação, mas como uma renovação.

O Processo do Renovo

            Tudo nesse mundo se renova, mas para isso, é necessário passar por um processo renovador. Uma coisa não pode ser renovada só com conversa, ou com palavras vazias. As palavras, é certo, produzem renovo na vida das pessoas que se fazem renováveis. Mas tem que ser palavras orientadores e disciplinadoras; e quem diz tais palavras precisa mostrar que o que está dizendo é algo concreto na sua vida, senão, as pessoas que as ouvem não mudam porque não vêem isso concretizado na vida de quem diz tais palavras. Nesse caso, as pessoas não se convertem porque não vê convertido quem ensina tais coisas. Sendo assim, quem quiser trazer renovo espiritual a um povo precisa em si ser renovado, porque o sucesso de qualquer trabalho espiritual reside na espiritualidade de quem realiza tal trabalho.

            Nós pentecostais, falamos muito em renovo, mas quase não falamos nos processos necessários que causam tal renovo. Se o renovo espiritual é um efeito, logo precisamos conhecer a sua causa, e isso é o que está faltando. A pergunta é: o que causa o renovo espiritual numa igreja ou num crente? Alguns pastores querem trazer um renovo espiritual pra sua igreja à base de sensacionalismo. Fazem festas, convidam “profetas”, cantores, pregadores sensacionalistas etc. No período dos cultos festivos parece que todo mundo se renovou mesmo, mas nos dias que se seguem esse período a gente percebe que todo aquele movimento anterior não passou de um mero emocionalismo esquecido logo depois. Isso deixa claro que não houve renovo, mas tão-somente um ato de emocionalismo.

           O verdadeiro renovo nasce de um ato de conscientização e não de um momento de emoção. A emoção passa, mas a consciência permanece. A emoção é como uma torrente passageira enquanto a conscientização é um eterno gotejar:

           Goteje a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho, como chuvisco sobre a erva e como gotas de água sobre a relva (Deut 32.2).

O Renovo E A Disciplina

            A palavra disciplina significa: ensino, instrução, educação, observância de preceitos ou normas estabelecidos por alguém ou por uma instituição, submissão a um regulamento, ou relação de subordinação do aluno ao mestre ou instrutor. Sendo assim, a palavra disciplina nada tem a ver com castigo ou punição como pensam alguns.

           A palavra discípulo significa aluno, aprendiz ou seguidor, vem do vocábulo disciplina. Logo então, o disciplinador tem como finalidade ensinar, doutrinar, instruir e formar o discípulo. O discípulo por sua vez, só é um verdadeiro discípulo se o tal for disciplinado. Os apóstolos do senhor Jesus são chamados nos evangelhos de discípulos (Mat 11.1). E o senhor Jesus não os chamou apenas para segui-lo, mas também para mudar de hábitos, renunciando uma série de costumes (Mat 16.24). Isso quer dizer que o fim supremo da disciplina é preparar o discípulo para enfrentar a hostilidade do meio ambiente e os obstáculos da vida.

           O homem, que quiser sorver os profundos mistérios de Deus contidos na Bíblia sagrada, e nos ensinamentos de Jesus precisa ele passar necessariamente por uma disciplina orientadora.

            A palavra disciplina suscita sentimentos desagradáveis na mente de muitas pessoas. Pra muita gente, disciplina é sinônimo de sacrifício, sofrimento e renúncia.

        Comparamos a disciplina com um rio, que, espraiado pela extensão de um quilômetro, para a direita e para a esquerda, tem pouca força, porque a sua largura é grande e a sua profundidade é pequena.  A força, porém, está na verticalidade, assim como a fraqueza está na horizontalidade. Se estreitarmos as margens desse rio entre dois paredões de ferro e cimento até acusar apenas 100 metros de largura, será muito maior a sua força, porque a sua profundidade cresceu na razão em que sua largura decresceu. E se conseguíssemos reduzir o volume de água a 10 metros de largura, seria irresistível a força das suas águas, agora transformadas em impetuosa cachoeira, capaz de mover poderosas máquinas.

           Como foi que essa mesma água, tão fraca a princípio, adquiriu tamanha força? Unicamente pela disciplina, pela compressão do seu volume em pequeno espaço. Submetemos o rio a uma espécie de sacrifício, de renúncia, de concentração, e sua inércia estática de ontem se converteu na atividade dinâmica de hoje. Adquiriu “vida mais abundante”.

            No princípio toda disciplina parece matar ou diminuir a vida; parece ser um empobrecimento, e não um enriquecimento da vida humana. E muitos principiantes desanimam nesse estágio inicial e voltam atrás, preferindo o suave comodismo das planícies à austera dinâmica das profundidades e alturas. Os que têm intrepidez de afrontar as dificuldades iniciais e tomar sobre si, voluntariamente, as renúncias necessárias acabarão por verificar que a vida com estreita disciplina é incomparavelmente mais rica e fascinante do que a vida levada ao sabor dos caprichos e das facilidades do momento. Provavelmente, são poucas as horas de folga do homem de vida disciplinada, mas essas poucas horas superam em qualidade e intensidade todas as quantidades e extensidades das muitas horas ociosas do homem indisciplinado. O mais fino sabor da vida humana nasce da disciplina voluntariamente aceita e rigorosamente observada, a despeito de todos os caprichos e veleidades em contrário. Dessa disciplina fazem parte também uma rigorosa pontualidade e a absoluta fidelidade aos compromissos assumidos.

            O homem disciplinado é austero consigo mesmo e indulgente com os outros.

          Não se perdoa facilmente a si mesmo a infração do seu programa. E nessa espontânea e auto-imposta austeridade é que ele encontra o inebriante elixir de uma perene serenidade e profunda suavidade.

            O homem disciplinado é um homem altamente consciente da sua realidade interna, não pensa pela cabeça dos outros, não age segundo a maioria.

            O homem é aquilo que ele pensa no seu coração. Quem pensa errado vive errado, quem pensa certo vive certo.

            Meu ignoto irmão teus pensamentos só podem ser certos se você harmonizar o teu ser com o SER supremo e divino.

            Tua “consciência” é a luz de Deus em ti. Sintoniza o teu agir com o teu ser e estarás em sintonia com Deus.

            A santidade da alma causa sanidade na mente e saúde no corpo. A plenitude espiritual transborda na vida material. Conhecereis a verdade, e ela vos libertará.

O Renovo Nasce Da Dinâmica

           Onde não existe renovo há completa estagnação e conseqüentemente a deteriorização. Sendo assim, antes que nos deterioramos espiritualmente devemos nos renovar, mas ninguém se renova num estado de inércia e sim em constante dinâmica. E como pode ser isso? O crente que desejar um despertamento espiritual em sua vida deve sair da inércia e do menor esforço e partir para uma vida dinâmica na obra de Deus.

           O único caminho para se renovar espiritualmente é o trabalho na obra de Deus. Não adianta o crente passar dias e dias jejuando e orando esperando um renovo espiritual se ele não se dedicar em realizar, na obra de Deus, algum trabalho de qualidade espiritual. O renovo espiritual não é algo que vem de fora pra dentro, mas sim de dentro pra fora.

         Quando percebemos que um crente está se renovando ou está renovado? É quando esse crente se mostra ativo na obra de Deus. Quando percebemos que uma árvore está se renovando, senão através da observação de suas novas folhas e de suas flores e frutos? Se a árvore não sair da inércia de ontem e não partir para uma dinâmica de hoje, ela nunca se renovará. É necessário ela agir, abandonando a velhice em demanda de uma novidade de vida. Mas pra isso ela precisa reagir, e essa reação é uma dinâmica. Assim é com o vegetal, assim é com o animal, assim é com o espiritual. Quem não reage realizando a obra de Deus nunca se renovará.

O Renovo Nasce do Sofrimento

            Muitos crentes querem ser renovados, mas recusam a passar pelo processo do renovo. Renovo supõe sofrimento, mas um sofrimento sadio e não um sofrimento doentio. Tudo que tem vida foi criado renovável para ser renovado.  Assim é com as plantas, os animais, os répteis, os pássaros etc. Não é possível haver renovo sem “prejuízo”. Precisamos perder aquilo que é velho pra receber o que é novo, e esse é o grande problema do homem. Quem se interessar pelas coisas espirituais precisa se desinteressar pelas coisas materiais (Mat 19.22, 29).

            Quando estive pela primeira vez no Japão fiquei um bom tempo em frente de um jardim observando um jardineiro disciplinar algumas árvores. Lá eles têm uma técnica bem avançada para dar a uma árvore a forma que bem desejar. Eles conseguem conservar a árvore no tamanho que bem quiser. E fazem ela crescer na direção que eles achar necessário. Esse tipo de árvore é chamado de bonsai.

           Observei que a árvore ao nascer começa a crescer desordenadamente. A maioria delas crescem pra os lados, horizontalmente. Quando isso acontece o jardineiro amputa aqueles galhos ociosos que futuramente só vão trazer prejuízos pra árvore. O ato de cortar os galhos ociosos que crescem desordenadamente pra os lados é um trabalho disciplinador feito pelo jardineiro. Mas não é de um dia pra noite que aquele jardineiro dar à árvore a forma desejada. Fiquei sabendo que ele pode gastar muitos anos pra conseguir modelar uma árvore até ela chegar à estética ideal.

            Ao observar o trabalho daquele jardineiro eu me coloquei no lugar daquela árvore e entendi que na trajetória da minha vida Deus silenciosamente me renovou cortando alguns galhos ociosos da minha vida fazendo com que eu crescesse verticalmente quando na minha teimosia eu queria as vezes crescer de forma espraiada, horizontalmente. É claro que como eu, aquela árvore se sentia empobrecida ao perder alguns galhos ociosos, mas ela não sabia que com aquele ato renovador o jardineiro não queria empobrece-la nem mata-la, mas aumentar seus dias de vida e faze-la bela e saudável. Em face daquela situação eu entendi que por amor, às vezes Deus nos coloca em situações que suscita em nossas vidas sentimentos desagradáveis nos causando supostos empobrecimentos, mas nesse momento ele está nos renovando para uma vida rica e salutar.

            Toda vara em mim que não dá fruto, ele a corta; e toda vara que dá fruto, ele a limpa, para que dê mais fruto (João 15.2).

O Renovo Nasce Do Castigo

            A palavra castigar, (do latim, castigare) vem de duas palavras latinas, castum (casto, puro) e agere (fazer, agir), de maneira que castigare (castum agere) quer dizer: purificar, e a palavra castigar só devia ser usada neste sentido disciplinar, o que, infelizmente, nem sempre acontece. Toda e qualquer punição que não tenha este caráter de verdadeira castigação ou purificação é imoral e incompatível com a vontade de Deus. Deus não pune ninguém por vingança, mas castiga seus filhos para os renovar. Não haveria necessidade de castigo se não houvesse necessidade de renovo.

           Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos (Sal 119.71).

            Quem pune alguém só para o fazer sofrer, comete um ato imoral e covarde. Toda e qualquer punição, para não ser imoral, deve ter o caráter purificador e renovador.

            É lamentável que haja no cristianismo, muitos pregadores de um Deus vingativo, irado e a procura de defeitos nas pessoas para puni-las. Se Deus castiga alguém não é por ira, nem por vingança, mas tão somente por amor.

          Às vezes Deus é demonstrado no Antigo Testamento como um Deus irado e vingativo, mas isto acontecia por causa da cultura do povo daquele tempo. Deus trata com o homem de acordo o que é o homem, e não de acordo o que ele (Deus) é. Um pai, não trata uma criança de acordo a sua maturidade, mas de acordo a ignorância ou inocência da criança.

            Às vezes Deus entregava o povo de Israel nas mãos das nações inimigas visando com isso purifica-los de suas impurezas espirituais.

            Voltarei contra ti a minha mão, e purificarei inteiramente as tuas escórias; e tirar-te-ei toda a impureza (Is 1.25).

           Às vezes o único meio de Deus nos purificar é nos fazendo sofrer. Somos vasos seus e quando esses vasos precisam ser renovados ele quebra e do mesmo barro plasmático ele faz outro vaso, e esse ato de nos quebrar para nos refazer de novo exige muito sofrimento.

            Como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer (Jer 18.4).

Jesus Não só Renova, Ele é o Próprio Renovo.

            Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e procederá sabiamente, executando o juízo e a justiça na terra (Jer 23.5).

            Naqueles dias e naquele tempo farei que brote a Davi um Renovo de justiça; ele executará juízo e justiça na terra (Jer 33.15).

            Então brotará um rebento do toco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará (Isa. 11.1).

A Conversão Da Lagarta Rastejante Em Borboleta Voadora

            A lagarta é um perfeito símbolo de um homem profano que se transforma num homem crístico. Ela nasce duas vezes. A primeira vez, ela nasce para viver um tipo de vida grosseira. Vive se arrastando nas baixas planícies com aquele corpo horrível, composto apenas de boca e estômago. Nesse período, ela é um inseto asqueroso e repugnante. Não há uma só pessoa que não sente pavor quando uma lagarta se aproxima dela. Seu aspecto horrível. Algumas são menos pior que outras, mas não deixam de causar asco.

            A lagarta vive somente para comer e comer, nada mais. Ela vive se arrastando pesadamente a procura de comida, e o pior, é que ela só come coisas grosseiras, folhas e casca de árvores. Se ela não se transformar logo em borboleta para viver um tipo de vida diferente ela não terá vida longa e sua morte será breve. Mas por outro lado, pra ela se transformar em borboleta, ela precisa passar por um período de sofrimento. Sem esse sofrimento, ela nunca se transformará em borboleta, e morrerá como lagarta. Mas instintivamente a lagarta sabe que o seu último estado é transformar-se em borboleta alada.

            Ao decidir-se transformar em borboleta, a lagarta enclausura-se e sofre um tipo de morte, a crisálida, ou casulo. Instintivamente ela sabe que o seu último estado é transformar-se em borboleta. Por isso, no fim do seu período de lagarta, ela deixa de comer, retira-se a um lugar solitário e lá se metamorfoseia. Nesse período de completa solitude não temos muita certeza se ela sofre, mas deduzimos que esse é um estágio de sofrimento. De qualquer forma, se ela sofre pouco ou muito, sofre voluntariamente. Essa fase de jejum voluntário supõe um período de grande sofrimento para a lagarta. Mas a lagarta sabe que pra transformar em uma borboleta alada ela precisa passar por esse período de profunda e dolorosa reclusão. Ao terminar esse período, ela passa por um outro sofrimento menos doloroso, é o esforço para sair daquele casulo duro. Ao romper a casaca do casulo, ela sai e vê o mundo onde antes ela viveu como lagarta rastejante sobre o qual agora passará a viver como borboleta alada.

            O novo inseto ganhou uma nova aparência e uma nova natureza. Ganhou um par de quatro asas coloridas, meia dúzia de pernas elegantes e flexíveis, dois olhos de opala com milhares de facetas visuais, uma língua em formato espiral contráctil para sugar com perfeita aptidão o néctar das flores.
            A antiga lagarta convertida em atual borboleta não rasteja mais pesadamente pelos galhos das árvores e pela terra, agora ela voa elegantemente pelos espaços ensolarados. Não alimenta mais de folhas como fazia no seu antigo estado de lagarta comilona, agora, de vezes em quando, ela desce ao cálice de uma flor perfumada para sugar seu delicioso néctar. Deixou de se alimentar de muitas quantidades (folhas e cascas) para se alimentar de poucas qualidades (néctar).

            Ao sair transforma do casulo, ela perde completamente toda a antiga natureza de lagarta. Mudou completamente sua maneira de andar. Aliás, ela quase não anda mais, passa a maior parte de seu tempo voando nas altas amplitudes do espaço. Do que ela gostava de comer não gosta mais, do que não gostava de comer agora, passa a gostar, mas porque isso? Simplesmente porque houve uma profunda transformação. Mas quem lhe obrigou a se transformar? Ninguém. Ela mesma se decidiu a transformar-se em absoluta borboleta.

            Aquela lagarta asquerosa que antes fazia medo a mulheres e crianças, hoje é procurada e recebida com admiração e júbilo por mulheres e crianças.

            A velha e asquerosa lagarta não deixou de existir. Ela continua existindo. O que então deixou de existir? Sua antiga forma e sua antiga natureza.

            Todo mundo sabe que a atual borboleta voadora foi antigamente uma lagarta rastejante; que a linda borboleta de hoje, foi a horrível lagarta de ontem.

            Aqui temos um grande contraste entre o homem sem Deus e o homem com Deus, o homem profano e o homem convertido. Por homem profano e homem convertido, não me refiro ao quem e ao que não tem religião. É possível alguém ser batizado, congregar, tomar ceia e estar virtualmente em comunhão com a igreja e mesmo assim viver uma vida profana. É possível o homem não está no mundo e o mundo está nele. A mulher de Ló não estava mais em Sodoma, mas Sodoma estava nela (Gên 19.26).

            O homem profano é como a lagarta rastejante que só se importa com o que é da terra, vive rastejando nesse mundo comendo só o que é da terra.

            Comer na Bíblia significa contatar, e o pecador só se importa em contatar com as coisas desse mundo. Sua deliciosa iguaria é fama, esporte, poder, riqueza, sexo etc.

            Quanto ao alimento o senhor Jesus disse: “Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis. Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra” (João 4.32-34).

            Ao tentar seduzir Jesus com coisas telúricas (terrenas), satanás lhe incentivou a fazer pedras se transformar em pão, mas Jesus lhe respondeu: “… Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mat 4.4).

            Jesus é o pão vivo que desceu do céu (João 6.32-35), mas para se alimentar dele é necessário que a antiga lagarta se transforme em atual borboleta, que o antigo pecador se converta num atual cristão.

            Assim como a atual borboleta no seu antigo estado de lagarta não tinha nenhum desejo de se alimentar do néctar das flores, o atual cristão também não tinha nenhum desejo de se alimentar das coisas espirituais no seu antigo estado de pecador profano.

            Que quiser galgar uma vida de pura comunhão com Deus precisa morrer como lagarta para viver como borboleta. Mas essa é a grande problemática de muitas pessoas, não querem abandonar sua antiga modalidade de vida. O homem se quiser viver uma nova forma de vida tem que nascer de novo (João 3.3). E esse novo nascimento só é possível se o velho homem (ego) morrer.

            Assim como a lagarta morreu voluntariamente para viver como borboleta o homem profano também precisa morrer voluntariamente para o mundo a fim de viver para Cristo. Quem quiser voar alto como borboleta, não tenha medo de morrer no casulo, depois de ter vivido como taturana, ou lagarta. Sem esse tipo de morte voluntária ninguém viverá a vida necessária. A apóstolo Paulo disse: “Eu vos declaro que cada dia Morro gloriando-me em vós, irmãos, por Cristo Jesus nosso Senhor” (I Cor 15.31).

            O Senhor Jesus também disse: “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, ele fica só. Mas se morrer, produz muito fruto” (João 12.24). É claro que o tipo de morte referida por Paulo não é o mesmo tipo de morte referida pelo Senhor Jesus, mas ambas nos dar a mesma lição. Enquanto vivia no corpo, Jesus era unipresente (presente apenas em um lugar no mesmo tempo), após a morte e a ressurreição ele se tornou onipresente (presente em todos os lugares no mesmo tempo). Com a morte física Jesus liberou a vida de Deus que estava nele. Com a morte do homem velho (ego) Paulo se tornou propício para receber a vida de Deus que estava fora dele (Mat 10.39).

Só Se Renova Quem Espera No Senhor

            Deus não simpatiza com quem se desespera, com quem para no meio da jornada. O crente precisa ser insistente não se deter em face das circunstâncias adversas da vida, ele precisa saber que aquilo que ele perdeu em extensidade pode ganhar em profundidade. Se a tua vida não é um dia cheio de sol, porque não poderia ser uma noite iluminada de estrela? Aquele que é o sol da justiça, também é a resplandecente estrela da manhã.

Ainda que ele me mate, nele esperarei; contudo os meus caminhos defenderei diante dele (Jó 13.15).

 

Pastor Espedito Marinho